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2 de março de 2023 - 6 minutes

Mulheres no Desenvolvimento Web

É um setor amplamente dominado pelo público masculino, mas já existem mulheres fazendo a diferença.

Juliette Erath - Tech Writer

Temos um dado alarmante: 91.5% de profissionais de programação web são homens, de acordo com a pesquisa global de desenvolvimento de software 2020. Em 2022, as mulheres reivindicam apenas 26,7% dos postos de trabalho em todas as áreas da tecnologia. A PwC descobriu que apenas 27% dos estudantes do sexo feminino disseram que considerariam uma carreira em tecnologia, e apenas 3% teriam a tecnologia como primeira escolha. Mas, 61% dos estudantes do sexo masculino disseram que consideram a mesma carreira tecnológica. Então, o que está acontecendo? Está provado que é muito benéfico ter mulheres na tecnologia e aqui está a razão:  

  • Diferentes vozes: grande parte das funções da tecnologia está antecipando e resolvendo problemas, e as mulheres podem contribuir com experiências únicas que podem ajudar a tornar as soluções da tecnologia mais acessíveis e eficazes para todos. 

  • Mentoras: um grande obstáculo para as mulheres que entram na indústria tecnológica é que elas não veem mulheres em papéis de liderança e não há muitas mentoras disponíveis.  É difícil pôr em prática, porém, mais mulheres líderes na tecnologia incentivariam mulheres mais jovens a também ingressarem no setor.

  • Cultura no ambiente de trabalho: estudos mostram que os locais de trabalho com distribuição igualitária de gêneros têm ambientes seguros, promovem maior satisfação com ambiente de trabalho e aumentam a segurança.

  • Produtos melhores: é natural usarmos nossas experiências pessoais quando estamos criando algo. Assim, um produto projetado por homens focalizará experiências masculinas. Quando mulheres estão envolvidas no processo de design, pode-se incluir experiências diferentes e específicas das mulheres.

Antes de aprofundar nas especificidades das mulheres no desenvolvimento web, vamos discutir as mulheres na tecnologia em geral. 

Mulheres na Tecnologia

As mulheres estão sub-representadas na tecnologia: isso é fato. Somente 5% das startups dos EUA são de propriedade de mulheres, e apenas 5% de líderes em tecnologia do Reino Unido são mulheres. E qual a é razão disso? As razões são numerosas, mas vamos nos concentrar em três: 

  • Preconceito social: o preconceito de gênero é um fator de grande peso sobre a percepção que se tem de certos empregos e sobre o que as mulheres acham que podem alcançar; mulheres líderes na área da tecnologia raramente são mencionadas e a grande maioria dos empregos em tecnologia (especialmente as vagas na C-suite) é ocupada por homens. Se você é uma menina de dez anos e vê empresas compostas quase inteiramente por homens, a suposição natural é que ali não é para você. E se as meninas não veem a tecnologia como uma opção desde cedo, é difícil mudar essa mentalidade mais tarde. 

  • Educação: o preconceito social permeou os sistemas escolares e, como as meninas não veem as aulas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) com maioria feminina, elas acham que isso não é para elas. E a falta de aulas focadas em tecnologia no início torna menos provável que as meninas escolham seguir carreiras de tecnologia, mais tarde na vida.

  • Sistemas de local de trabalho: além das forças de trabalho amplamente desequilibradas, com clara maioria dos homens, a liderança da empresa de tecnologia é principalmente masculina; nem sequer mencionamos o fato de que as mulheres recebem salários mais baixos, têm oportunidades de crescimento limitadas e enfrentam discriminação diariamente. 

Quando perguntadas, as mulheres nomearam estes cinco os obstáculos principais que elas enfrentam na tecnologia: falta de mentoras, falta de referências, preconceito de gênero no trabalho, oportunidades de crescimento desiguais e remuneração desigual. 

Mulheres no Desenvolvimento Web

Quando tentamos responder à pergunta "por que mais mulheres não estão escolhendo o desenvolvimento web?", enfrentamos muitas realidades duras. Naomi Timperley, Diretora da Tech North Advocates na Entrepreneurial Spark diz: 

“As meninas estão sendo excluídas da conversa quando se trata de tecnologia. Elas são induzidas a pensar que a tecnologia é algo distante e antissocial. E elas nunca têm a oportunidade de corrigir essas percepções. Esse padrão pode começar em nossas casas, mas tem sérias implicações para nossa economia e para as mulheres em geral. Se as mulheres não participarem da tecnologia, perderão a chance de influenciar a maior mudança econômica e social deste século. As meninas precisam buscar tecnologia ao redor de si e entender que pessoas criaram essa tecnologia.”

A origem da falta de mulheres no desenvolvimento web está dividida em duas partes. Por um lado, isso está incutido no que as jovens ouvem em casa e, por outro, o ambiente de trabalho no desenvolvimento web pode ser tóxico para as mulheres e pouco convidativo. Para combater esses dois problemas, há uma série de medidas a tomar: 

  • Criar um ambiente seguro para as mulheres: as estatísticas sobre assédio sexual no ambiente de trabalho em tecnologia são alarmantes. 60% das mulheres com dez ou mais anos em tecnologia relatam investidas sexuais indesejadas e 50% das mulheres seniores em tecnologia sofreram ou testemunharam agressão sexual nos últimos cinco anos. E nem vamos falar sobre denúncia de assédio sexual: 4 em cada 10 mulheres que sofrem assédio sexual não o denunciam por medo de repercussões na carreira. 

  • Incentivar meninas à educação tecnológica: a codificação é para todos, e organizações como Women in Tech estão trabalhando para capacitar meninas e mulheres do mundo todo a ingressar na área da tecnologia e a fazer a diferença. 

  • Concentrar-se na diversidade e inclusão: uma coisa é haver mulheres em cargos de tecnologia, mas garantir que suas vozes sejam ouvidas e que sejam tratadas como iguais é outra questão. Muitos negócios acontecem fora do local de trabalho e 66% das mulheres relataram sentir-se excluídas das oportunidades de networking por causa de seu gênero. 

  • Trabalhar para eliminar padrões duplos e preconceitos (conscientes e inconscientes): a atual configuração dos conselhos de direção e das empresas em geral foi concebida para homens e, para perceber uma mudança real, esses sistemas precisam ser reestruturados para eliminar preconceitos. Embora certamente existam casos em que indivíduos dentro da empresa discriminam mulheres, o próprio sistema é defeituoso. Alguns tópicos principais seriam: 

  • Não perguntar mais às mulheres sobre seus planos de ter uma família e/ou como isso afetará a carreira delas.

  • Abordar preconceitos em relação às mulheres que negociam e que têm opiniões fortes; elas são frequentemente chamadas de agressivas ou mandonas - algo não atribuído a colegas de trabalho do sexo masculino que agem da mesma forma. 

  • Atribuir promoções baseadas em habilidades e resultados difíceis em vez de em percepção ou conexões.

Mulheres líderes no desenvolvimento web 

Apesar dos inúmeros problemas enfrentados pelas mulheres no desenvolvimento web, atualmente, muitas das pessoas em posição destacada de liderança são mulheres. Aprender com suas experiências pode ajudar não apenas como incentivo às jovens para aprofundar-se em tecnologia, mas também para destacar áreas de melhoria nesse setor. E não se esqueça: as mulheres têm sido grandes protagonistas na tecnologia ao longo da história:

  • Ada Lovelace foi a primeira programadora de computadores do mundo, em 1840.

  • A equipe que criou o primeiro computador ENIAC era 100% feminina.

  • A primeira linguagem de programação de alto nível foi criada por Grace Hopper em 1959.

  • A cientista americana da computação Margaret Hamilton cunhou o termo engenharia de software.

Vamos conhecer algumas das principais vozes femininas do desenvolvimento web: 

Beata Zalewa 

Residente na Polônia, Beata é uma consultora em TI e desenvolvedora full stack. Além de sua ampla gama de habilidades em programação, ela é uma mentora ativa na Learn IT, Girl! e na Tech Leaders Poland, escrevendo artigos para as revistas IT Professional e Lubelski Programista. Ela possui sua própria empresa e oferece consultorias especializada gratuita.

Sara J. Chipps 

Desenvolvedora JavaScript, Sara se orgulha dos mais de 20 anos no setor de tecnologia e é a cofundadora da Jewellbots, uma empresa que se concentra em aumentar o número de meninas que entram na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) que usam hardware. Ela também é cofundadora da Girl Develop It, uma organização sem fins lucrativos que ensinou, a mais de 100.000 mulheres e pessoas não binárias, o desenvolvimento de software. 

Jenny Chen 

Jenny fundou o grupo Women in Web Dev, no Facebook, que agora reúne mais de 5.000 membros em todos os níveis de especialização. Ela trabalha como desenvolvedora freelancer e continua focada no crescimento de sua comunidade online para ajudar mulheres a entrar na área. 

Há grande quantidade de mulheres que se destacam diariamente no desenvolvimento da web, mas cabe a nós continuarmos aumentando esse número, apoiando meninas interessadas na área e criando ambientes de trabalho seguros e apoiadores para mulheres na tecnologia.

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