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7 de março de 2023 - 6 minutes

Os Efeitos da Desigualdade de Gênero - e o que Fazer a Respeito Dela

A desigualdade de gênero afeta a vida praticamente em todos os aspectos. Como podemos mudar isso? 

Juliette Erath - Tech Writer

Carreiras

Você provavelmente já ouviu falar sobre a desigualdade de gênero e há um motivo de ter ouvido: ela é um problema que permeia praticamente todos os setores, mas especialmente o da tecnologia. A desigualdade de gênero é definida como uma disparidade relativa entre pessoas de diferentes gêneros e, embora seja tipicamente associada às desigualdades salariais entre homens e mulheres, também pode se referir a direitos, benefícios ou níveis de participação e acesso. 

O Relatório Global da Desigualdade de Gênero é uma publicação anual que avalia existência de desigualdades existentes entre homens e mulheres, nas seguintes áreas: participação econômica e oportunidades, saúde e sobrevivência, desempenho educacional e empoderamento político. Por meio da análise de 146 países, o relatório determinou que, no ritmo atual, levará 132 anos para alcançar a paridade de gênero. Mas não há razão para pânico: um progresso significativo tem sido feito e continuará a avançar ao longo do tempo. 

Estatísticas da desigualdade de gênero 

A desigualdade de gênero varia significativamente dependendo de onde estamos observando. Vamos analisar as principais desigualdades de gênero que existem na força de trabalho: a desigualdade salarial e a desigualdade de emprego. 

  • Mundialmente, as mulheres recebem cerca de 20 centavos menos do que os homens e o número de homens empregados é 25% maior que o de mulheres. 

  • Na Europa, o número de homens contratados a cada hora é 11% maior que o de mulheres. As mulheres ganham em média 13% menos do que os homens.

  • Nos Estados Unidos, as mulheres ganham cerca de 17 centavos menos do que os homens e as mulheres têm chances significativamente menores de serem promovidas. 

Poderíamos dedicar séries inteiras de blogs, ou até livros brancos, à desigualdade de gênero, explicando o que ela é, as formas que pode tomar e muito mais. Mas, por enquanto, vamos nos concentrar nos efeitos da desigualdade de gênero e nas medidas que podem ser tomadas para reduzi-la. 

Os efeitos da desigualdade de gênero

A simples verdade é que a desigualdade de gênero tem efeitos significativos na sociedade e começa a afetar as pessoas desde a infância. Os estereótipos podem afetar como as crianças se veem desde a tenra idade e influenciar as escolhas que adolescentes fazem sobre o que estudar, onde estudar e suas oportunidades futuras. E enquanto a maioria dos efeitos da desigualdade de gênero são claros, como salários mais baixos ou oportunidades limitadas para o crescimento na carreira, há mais efeitos tão enraizados em nossa sociedade que talvez nem os percebamos.

Por exemplo, mesmo que continue a aumentar o número de famílias em que marido e mulher estão empregados, as mulheres ainda estão desproporcionalmente encarregadas das tarefas e responsabilidades domésticas. Estudos mostram que, em média, as mulheres gastam 8,5 horas a mais que os homens nos afazeres domésticos, por semana.  Da mesma forma, as mulheres são normalmente as que fornecem cuidados adicionais e não remunerados aos membros da família. Além da natureza não remunerada de tal responsabilidade, cuidar de membros da família doentes ou portadores de deficiência pode prejudicar a própria saúde mental de quem presta cuidados. 

A educação é outra área seriamente afetada pela desigualdade de gênero. Embora o acesso geral à educação tenha melhorado nos últimos anos, certas áreas são mais afetadas do que outras e a mulher frequentemente se depara com barreiras que limitam seu acesso às universidades e ao ensino superior. Algumas áreas, como a de tecnologia, são mais afetadas do que outras por isso.  Mulheres que não completam o ensino médio geralmente sequer são apresentadas ao básico da tecnologia. Mas há também outras consequências das oportunidades educacionais subdesenvolvidas: a falta de acesso à educação em saúde sexual e reprodutiva afeta de forma severa as chances de as mulheres obterem mais educação.

No ambiente de trabalho, mesmo as mulheres que possuem educação superior e ocupam cargos elevados ainda enfrentam discriminação de gênero e práticas pensadas apenas para homens. Por exemplo, as mulheres são frequentemente questionadas sobre planejamento familiar e gravidez em entrevistas e considera-se que terão de se afastar do trabalho por um bom tempo se ficarem grávidas. E isso sem mencionar as suposições de que as mulheres tirarão dias de folga do trabalho para cuidar de crianças doentes, participar de eventos esportivos ou escolares, ou dar prioridade a seus filhos em vez de ao trabalho - algo que geralmente não se atribui a seus colegas homens.

Tais pressupostos e expectativas podem ter consequências drásticas e conduzir às seguintes situações: 

  • Menores índices de escolaridade e emprego para as mulheres 

  • Menor remuneração por trabalho semelhante 

  • Níveis mais altos de estresse

  • Maior proporção trabalho não remunerado (creche, cuidar de familiares)

  • Exposição a níveis mais elevados de violência sexual e violência baseada em gênero 

  • Falta de representação no governo 

E isso não é tudo: esse desequilíbrio pode levar a problemas de saúde mental. Quando comparadas aos homens, as mulheres têm: 

  • Probabilidade 2 vezes maior de sofrer de ansiedade e ter crise de pânico 

  • Probabilidade 2 vezes maior de sofrer de depressão ao longo da vida

  • Probabilidade de 4 a 10 vezes maior de sofrer de distúrbios alimentares

  • Maior probabilidade (acima de duas vezes) de sofrer de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático)

  • Maior probabilidade de tentar suicídio 

Como combater a desigualdade de gênero 

Muitas das questões associadas à desigualdade de gênero vêm da opressão sistemática e de uma longa história de estruturas pensadas para apenas para homens. No entanto, tivemos progresso recentemente e continuaremos a ter. Aqui estão algumas das principais ações necessárias para promover oportunidades de crescimento para as mulheres:

  • Investir em infraestrutura: há muitos fatores pelos quais as mulheres podem ser dissuadidas de entrar no mercado de trabalho ou de buscar o ensino superior, e os governos precisam tomar as medidas adequadas para proteger esses direitos. No México, por exemplo, o governo implementou ônibus somente para mulheres, para garantir viagens seguras, e o governo indiano construiu instalações sanitárias adequadas para assegurar que as mulheres se sentissem confortáveis no trabalho ou na escola.

  • Promover a igualdade na licença maternidade/paternidade: em primeiro lugar, todos os países têm de oferecer licença maternidade generosa a todas as mães e, em segundo lugar, eles têm de oferecer licenças maternidade e paternidade iguais a fim de garantir que ambos os genitores possam se afastar, e não apenas a mulher.

  • Tornar o cuidado infantil acessível ou gratuito: o cuidado infantil é extremamente caro e, na maioria das vezes, a mulher é quem abandona o emprego ou reduz a carga horária para ficar em casa com as crianças. Empresas e países que oferecem cuidado infantil gratuito ou de baixo custo ajudam a incentivar as mulheres que retornam ao mercado de trabalho após a gravidez. 

  • Fornecer às mulheres as ferramentas necessárias para terem sucesso: as mulheres enfrentam diferentes barreiras à educação e ao emprego, como taxas mais altas de empréstimos e discriminação de gênero. Os governos devem priorizar o acesso facilitado para mulheres.

Há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade de gênero, mas o progresso está sendo feito diariamente, graças ao aumento da consciência mundial e à maior importância geral atribuída a essa questão. E o mais importante é que continuemos a nossa luta até alcançarmos a igualdade.

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